"BIG CLUBE" RETIRA JOVENS DA RUA

quarta, 15 de outubro 2003

Um ano depois de ter nascido, o Big Clube cumpriu o principal objectivo a que se propôs, retirar os jovens da rua evitando comportamentos desviantes e inseri-los num projecto de ocupação de tempos livres. O projecto social “Big Clube” celebra o seu primeiro ano de existência com uma Semana Cultural dedicada aos 21 jovens que frequentam este espaço instalado no rés do chão do bloco n.º 236 do Bairro da Teixugueira, freguesia de Beduído, Estarreja. A abertura da Semana Cultural aconteceu ontem no final do dia com a festa do primeiro aniversário. Hoje, os jovens vão frequentar um Atelier de Cerâmica, no Centro de Formação de Aveiro. Amanhã e quinta feira irão participar num Atelier de construção e manipulação de marionetas, no Clube. A Semana termina na Sexta feira com um jantar comemorativo a confeccionar pelos próprios jovens que desta forma põem à prova o que aprenderam no Atelier de Culinária. “Este grupo de crianças tem nos dado muitas alegrias. Continuem a crescer sobretudo na cabeça. Falou a vossa avó”, disse, durante a festa de aniversário, a directora do Centro Social da Teixugueira e Coordenadora Pedagógica do Big Clube, Maria Francisca, dirigindo-se aos jovens e sublinhando que o Big Clube é “uma verdadeira família”. Em representação da entidade gestora do “Projecto Família” a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Estarreja, Rosa de Fátima Figueiredo, referiu que “este é o vosso espaço onde aprendem a ser futuros cidadãos”. O vereador do Pelouro da Acção Social da Câmara Municipal de Estarreja, entidade promotora do “Projecto Família”, José Cláudio Vital, desejou que “o bom espírito que existe nesta casa tenha um reflexo na vossa vida, na vossa maneira de estar, pensar, estudar, viver e planear o futuro, bem como na vossa casa e na vossa família”. Inserido no “Projecto Família” – Programa de Luta Contra a Pobreza de Estarreja, o Big Clube é um espaço de ocupação de tempos livres dirigido a jovens entre os 10 e os 16 anos criado com o objectivo de combater a pobreza e os comportamentos de risco através da Educação. O clube está equipado com recursos materiais em áreas distintas como a leitura, fotografia, culinária, pintura, jogos tradicionais e novas tecnologias da comunicação. Numa segunda fase, a acção de educação foi alargada às restantes freguesias através da criação do Projecto de Itinerância “Andanças”, pioneiro a nível nacional. A acção consiste num mini – autocarro equipado com os mesmos recursos de base do Big Clube que percorre as restantes freguesias do concelho de Estarreja. O “Andanças” está a proceder à identificação das zonas carenciadas e onde não existam equipamentos de ocupação dos tempos livres das crianças e jovens. Actualmente, o mini – autocarro realiza visitas semanais aos lugares de Santa Luzia, Água Levada, Barreiro e Arrotinha e uma visita mensal à CERCI de Estarreja. “Os jovens têm aderido ao projecto e nestes lugares onde as visitas são frequentes eles tornam-se ‘clientes’ habituais da nossa casa”, conta Alexandre Camões, um dos dois animadores do “Andanças”. O mini autocarro de Estarreja tem já um irmão em Famalicão baptizado de “Brincadeiras” na semana passada. O equipamento é “em tudo idêntico ao Andanças. Foi fabricado no mesmo local, na fábrica da Salvador Caetano, em Ovar”, disse o monitor do “Brincadeiras”, César Cardoso, enquanto guiava a visita ao interior do veículo. O “Brincadeiras” começa hoje a circular em 23 das 40 freguesias do concelho de Famalicão. Outros concelhos do país já mostraram interesse por este projecto itinerante. Testemunhos dos jovens na comemoração do 1º aniversário do Big Clube: “Eu adoro o Big Clube graças à função que ele tem, que é o projecto de luta contra a pobreza”. Márcio Dias “Desejo que tenhas vida eterna, que sobrevivas sempre a todos os conflitos sociais, que nunca vás a baixo e que te mantenhas como estás agora. Quero que tenhas muitos anos de vida com muitas crianças dentro de ti e sempre muito alegre" Bruno Oliveira “Depois de dias aqui dentro aprendemos a fazer coisas engraçadas e não as que fazíamos lá fora. Aprendemos o que está certo e o que está errado”. Cátia Dias