Meio milhar de estudantes assiste à peça de teatro

“FELIZMENTE HÁ LUAR” EM CENA NO CINE TEATRO COM APOIO DO PROGRAMA TERRITÓRIO ARTES

terça, 21 de novembro 2006

O grupo A BARRACA, COM A MÍTICA PRESENÇA DA ACTRIZ MARIA DO CÉU GUERRA E DO ACTOR JOÃO D’ÁVILA, estará em Estarreja esta sexta feira, dia 24 de Novembro, para apresentar, às 21h30, a peça “FELIZMENTE HÁ LUAR!”, DE LUIS DE STTAU MONTEIRO, no Cine Teatro (CTE) Municipal. Ciente do interesse pedagógico desta apresentação para as escolas da região, a Câmara Municipal promove um preço especial para grupos escolares (2,5€ por aluno mediante marcação prévia pelo telefone 234 811 300) e uma sessão às 15h30, destinada às Escolas Secundárias de Estarreja, Macedo Fragateiro – Ovar, Mário Sacramento e José Estêvão – Aveiro. Nesse dia, um número alargado de estudantes, num total de 550, terão a oportunidade de assistir ao espectáculo de teatro. APOIO DO PROGRAMA TERRITÓRIO ARTES Esta apresentação conta com o apoio do Programa Território Artes, do Instituto das Artes, no qual o Município de Estarreja participa como promotor à escala local. Também com o apoio do Programa Território Artes, vem O BANDO até ao Cine-Teatro de Estarreja que levará à cena, no dia 10 de Dezembro, às 10h30 e às 16h, o espectáculo para público infantil/familiar “GRÃO DE BICO”. Esta apresentação será seguida do ATELIER UNIVERSO GRÃO DE BICO com participação livre por parte dos jovens espectadores da peça (mediante inscrição prévia até no máximo 30 participantes). A Câmara Municipal de Estarreja apresentou uma candidatura Programa Território Artes, promovido pelo Instituto das Artes e Ministério da Cultura. O Território Artes é um programa de descentralização das artes e a formação de públicos. O programa integra acções que visam criar condições para melhorar o acesso dos cidadãos aos bens culturais no domínio das artes e que procuram a correcção das assimetrias regionais e desigualdades sociais, no respeito pelas normas constitucionais que asseguram o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural. 24 de Novembro - Sexta-Feira – 21h30 – Teatro FELIZMENTE HÁ LUAR!, de Luís de Sttau Monteiro PELO GRUPO DE ACÇÃO TEATRAL A BARRACA [Entrada: 5€ | Entrada c/descontos cartão jovem, estudante, sénior municipal ou <12 anos: 3,5€ | Entrada c/ desconto aplicável a grupos escolares ≥8 pessoas: 2,5€ (marcação prévia pelo telefone 234 811 300)] Idade: M/12 Duração: 90 minutos Encenador: Hélder Costa Elenco: Maria do Céu Guerra, João D’Ávila, André Nunes, Luis Thomar, Patrícia Adão Marques, Pedro Borges, Ruben Garcia, Susana Costa, Sérgio Moras, Sérgio Moura Afonso, Técnico Som Rui Mamede Técnico de Luz Fernando Belo Assistência: José Carlos Pontes Relações Públicas: Elsa Lourenço Apoio à apresentação: Programa Território Artes, no qual o Município de Estarreja participa como promotor à escala local www.abarraca.com “Felizmente há Luar” é hoje um clássico da literatura dramática portuguesa. Com esta peça e o “Render dos heróis” de José Cardoso Pires dá-se início a uma corrente de teatro narrativo de influência Brechtiana que na segunda metade do século XX veio a ter seguidores em Portugal, entre os quais se contam Romeu Correia, Bernardo Santareno, Fernando Luso Soares, Hélder Costa, etc. A partir da obra de Raul Brandão “Vida e Morte de Gomes Freire”, Luis de Sttau Monteiro mostra-nos o reino de Portugal sob o domínio dos ingleses que ocuparam o país no seguimento da vitória sobre as invasões francesas. A ditadura de William Beresford, o “aliado” ocupante, serve a Sttau Monteiro para mostrar os mecanismos de denúncia e traição que os regimes ditatoriais sempre fomentam e assim aproximar aquele período do século XIX da ditadura de Salazar sob a qual viveu. A obra escrita em 1961 aproxima Gomes Freire de Andrade de Humberto Delgado, candidato da oposição a Salazar, que como o primeiro acaba assassinado pelo regime a que se opôs. A peça faz assim, tal como o teatro fez sempre, uma transposição de tempos. Mostra-se o que se passou para que todos compreendamos melhor o que se passa. Assim fizeram os trágicos gregos indo buscar matéria à Guerra de Tróia e ao ciclo Tebano, assim fez Shakespeare indo estudar as crónicas dos antigos reis, assim fez Kleist, Victor Hugo, assim fez Brecht, Heiner Müller, etc, etc. No início, a peça mostra-nos o ambiente que precede a revolta que, a triunfar, trará de volta o rei D. João VI a Portugal e promulgará uma monarquia constitucional. Intrigas, denúncias, mas também o povo esperançado a avançar na sua luta. O ritmo é rápido, através do qual são apresentados os vários grupos sociais que estão em jogo e termina com a prisão de Gomes Freire de Andrade. Segue-se o desânimo geral devido à prisão do General. Tal como no tempo de Salazar a polícia actua sobre os civis evitando que a revolta se propague. Matilde, a mulher de Gomes Freire de Andrade, (interpretada no espectáculo por Maria do Céu Guerra) personagem que embora tendo existido realmente, é na peça romantizada e enfatizada pelo autor que lhe confere o papel da corajosa protagonista que tudo arrisca para salvar o “seu herói” com quem partilhou amor, vida e convicções durante muitos anos. O ritmo deste acto é mais lento, mais trágico, mais belo. Tudo caminha para a fatalidade. O herói será sacrificado. No fim só nos resta esperar que o heroísmo do grande patriota dê frutos e exemplo na resistência à tirania. No silêncio o povo avança… Maria do Céu Guerra O Intelectual e o seu Tempo Há peças que marcam uma época. É o caso de “Felizmente há luar!” de Luís de Sttau Monteiro. Foi escrita nos anos de brasa que foram o início dos anos 60 e no rescaldo da burla eleitoral que entronizou o medíocre marinheiro Américo Tomás no posto de Presidente da República roubando ao povo português a sua indiscutível escolha, o general Humberto Delgado. A peça foi publicada e alcançou grande êxito, aliás previsível, dado o paralelismo entre a perseguição ao general Gomes Freire de Andrade e ao general que tinha entusiasmado o país anunciando que “Obviamente” iria demitir o Presidente do Conselho se fosse eleito. Claro que a Censura proibiu a sua exibição e o autor passou a sofrer o anátema de ser anti-regime, venerado, atento e obrigado. A resposta de Sttau Monteiro foi clara e sem equívocos. Não perdeu a arma que era a sua pena e não abrandou a luta nem a coragem. E, por isso, teve a normal resposta do ditador Salazar: perseguições e prisão. É bom lembrar a acção exemplar deste género de intelectuais, hoje espécime raro em Portugal e no mundo dito civilizado. Na linha de Zola, Romain Roland, Stefan Zweig e tantos outros, era um intelectual comprometido com o seu tempo. Hélder Costa 10 de Dezembro – 10h30 e 16h00 – Teatro para infância / Família GRÃO DE BICO PELO TEATRO O BANDO E ATELIER UNIVERSO GRÃO DE BICO [Entrada: 2,5€ (Entrada livre de um acompanhante adulto por criança até à lotação da sala disponível, após prioridade de entrada de crianças) | Entrada c/ desconto aplicável a grupos ≥8 crianças: 1,5€ | Entrada livre no atelier Universo Grão de Bico para crianças que assistam ao espectáculo mediante inscrição prévia (máx. 30 participantes)] Idade: M/4 Duração Espectáculo: 50 minutos Duração Atelier: 60 minutos Interpretação: Fátima Santos, Raul Atalaia Encenação: João Brites Autoria: Raul Atalaia Música: Jorge Salgueiro Oralidade: Teresa Lima, Luca Aprea Espaço Cénico: Rui Franscisco, João Brites Figurinos: Clara Bento Design Gráfico: Céu Duarte Fotografia de Cena: Ângelo Fernandes Apoio à apresentação: Programa Território Artes, no qual o Município de Estarreja participa como promotor à escala local www.obando.pt Será possível contar teatralmente as peripécias de uma aventura que intrigue meninos de três anos e homens e mulheres, mais novos e mais velhos, com idêntica e saborosa cumplicidade? Baseado num conto de tradição oral, que nos revela inúmeras versões, este grão de bico é recriado num ambiente intimista, no qual o multimédia estabelece a ponte para lá do (in)visível, entre o espectador e a sua imaginação. Quando nos aproximamos visualmente de algo os detalhes tornam-se mundos. E são esses mundos feitos de grandes detalhes microscópicos que nos ajudam a narrar a pequena história de um grande herói, uma história na qual o corpo se torna universo e o espectador viajante. Grão de Bico faz parte de uma trilogia teatral para gente de todas as idades, com duração de 3 anos, consistindo em 3 espectáculos baseados em contos portugueses de tradição oral. No Atelier Universo Grão de Bico, os pequenos espectadores são convidados a prolongar o jogo que se iniciou durante o espectáculo, dando asas à criatividade e podendo construir, em materiais naturais, os habitantes, os edifícios, os animais, as plantas, as constelações e todas as outras coisas e criaturas reais e fantásticas que, basta querer, podem fazer parte do Universo do pequeno Grão de Bico. Manuseando barro, colhendo flores, paus e pedras, a cada novo pedaço de cor, textura, forma que se percepciona, surge outra vez a questão que faz com que este Universo se reinvente e reconstrua até onde a imaginação nos levar: “E isto... pode ser o quê?”