Memória de Estarreja está viva na Revista "Terras de Antuã"

quarta, 18 de novembro 2009

A Câmara Municipal de Estarreja comemorou o 490.º aniversário da outorga do Foral a Antuã com a edição número 3 da Revista “Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja”. A sessão encheu, no último sábado, o Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Egas Moniz, num retrato a óleo de Henrique Medina, de 1950, é o rosto da capa desta edição num ano em que se assinalam os 60 anos do incontornável Prémio Nobel da Medicina.

A publicação anual junta a “riqueza da nossa história, a pluralidade das nossas gentes e a diversidade dos factos”, comentou o presidente da Câmara Municipal de Estarreja, José Eduardo de Matos, que presidiu à sessão. O autarca sublinha o “inegável interesse” desta peça indispensável que veio “preencher uma lacuna e cumprir uma importante missão: enriquecer a nossa cultura, permitindo que os traços do passado sejam uma realidade”.

E continua a surpreender-se com as histórias retratadas. “Temos descoberto faces desconhecidas da nossa história, antepassados que não sonhávamos, factos nebulosos ou desconhecidos, episódios narrados ou dados e fotos reveladores de um tempo que se foi”, escreve no preâmbulo da revista que intitula de “A Aventura continua”.

A “Terras de Antuã” é dirigida por Delfim Bismarck Ferreira, conservador da Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira – Estarreja, que regista o facto de “haver cada vez mais interessados em participar neste projecto”. A edição número 3 conta “com um leque de historiadores e investigadores que trazem à luz do dia alguns dos resultados dos seu mais recentes trabalhos”. Metade dos colaboradores são estreantes.

A revista compila doze artigos assinados por António Augusto Silva, António Vítor N. de Carvalho, Diana Cunha, Susana Temudo Silva, Delfim Bismarck, José Augusto Tavares Gurgo e Cirne, Marco Pereira, Margarida Castro, Maria Clara de Paiva Vide Marques, Maria Manuel de Vilhena Barbosa, Rosa Maria Rodrigues, Teresa Cruz Tubby e Valter Santos são os autores que assinam os artigos desta edição.

Iniciativa é exemplo a seguir

António Vítor de Carvalho, docente na Universidade de Aveiro, assina o artigo “A Construção Naval no Norte da Ria de Aveiro: da área de influência do Concelho de Estarreja ao Bico da Murtosa”. Na sessão elogiou o “notável trabalho e entrega da Câmara Municipal de Estarreja” em prol da preservação da identidade local. Desta maneira, a autarquia “contribui para que a memória de Estarreja não seja apagada. É fundamental para as gerações vindouras”. Na sua opinião, esta é uma iniciativa de louvar que serve de exemplo para outras autarquias.    

Delfim Bismarck considera que se conseguiu “uma revista equilibrada, abrangente e diversificada, mantendo o conceito e estrutura anteriores”. São abordados temas como os jornais e os jornalistas até 1925, a chegada da energia eléctrica ao concelho, as invasões francesas em que Estarreja foi bastante massacrada, o Prémio Nobel Egas Moniz, os familiares do Santo Ofício, nome dado ao tribunal eclesiástico, e a emigração entre 1882 e 1887.

Preservar a memória colectiva

Outras acções do município visam a preservação do património cultural e documental. Na sessão foram mencionadas a reedição de obras marcantes, como as de Egas Moniz, a recuperação do brasão/pedra de armas do Bispo de Cochim, que tinha sido encontrado na lixeira do Fojo, e o depósito da Colecção de Jornais do “O Concelho de Estarreja” no Arquivo Municipal.

Por outro lado, o Arquivo Municipal de Estarreja actua com a finalidade de preservar a memória colectiva e torná-la acessível ao público, dispondo de um espaço de consulta aberto a investigadores e ao público em geral para consulta local de documentos. O apoio às organizações e a formação da comunidade são outras funções deste serviço municipal. As entidades públicas devem ter uma conduta consciente na preservação dos seus arquivos documentais, alertou Norvinda Leite, responsável pelo Arquivo que está instalado nos Paços do Concelho.


Esta edição está disponível para venda ao público na Casa da Cultura, Casa Museu Egas Moniz e Biblioteca Municipal, pelo valor unitário de 6 €.