I Jornadas de História e Património lançam novos desafios

segunda, 19 de abril 2010

A criação de um espaço museológico sobre a Construção Naval, a investigação arqueológica no Castro de Salreu ou o Museu do Cinema são alguns desafios lançados durante as primeiras Jornadas de História e Património do Concelho de Estarreja. O espaço de reflexão e debate trouxe à tona um conjunto de alertas sobre a preservação do património local. 

No encerramento do evento, o vereador da Cultura, João Alegria, mostrava-se satisfeito com os resultados das jornadas. Demonstraram em primeiro lugar que também “existem pessoas de fora que estudam o património do concelho”, que é rico e diversificado. Por outro lado, foram lançados alertas e desafios num “debate muito interessante”. O autarca promete amadurecer algumas das ideias referidas, defendendo uma colaboração estreita com as entidades presentes. “É preciso agir, preservando e divulgando o que de melhor temos”, conclui João Alegria.

A preservação do património material e imaterial da Construção Naval no concelho é urgente. Nas palavras de António Carvalho, da Universidade de Aveiro, “corremos o risco de perder este património imaterial que está concentrado nas pessoas”. Os mestres construtores navais que ainda constroem embarcações em Pardilhó queixam-se de que não há quem queira aprender. “Vamos precisar de pessoas qualificadas e com conhecimento. Há futuro para a construção naval em madeira”, evidenciou António Carvalho.

O investigador saiu satisfeito com a hipótese anunciada, durante os trabalhos, pelo presidente da Câmara Municipal de Estarreja de aquisição de um estaleiro naval de Pardilhó para ali se criar um pólo museológico. “É urgente unir esforços para recuperar esse património. A investigação científica pode divulgar muito desse património”, sendo também necessário apostar na história oral.

Pela mesa das jornadas passou uma proposta programática para um projecto de investigação arqueológica do Castro de Salreu, por ora o único povoado proto-histórico localizado no município. “Escavar um sítio é uma responsabilidade grande e deve ser encarado numa perspectiva integrada e de futuro. Temos que ponderar o grau da investigação”, afirmou o arqueólogo António Manuel Silva. Para o especialista “o concelho tem provavelmente muito mais património do que se possa imaginar, há indícios documentais e toponímicos”, por isso defende um inventário do património arqueológico do concelho. 

António Costa Valente, presidente do Cine-Clube de Avanca, abriu as jornadas para falar sobre "O Património Cinéfilo do Concelho de Estarreja". “Há mais cinema do que aquilo que é visível”, disse referindo dois pólos fundamentais na história local do cinema, o Cine-Teatro e o Cine-Clube de Avanca.  

Por outro lado existe um património material que constitui “um desafio para aquilo que poderá ser o Museu de Cinema”. Aos olhos de Costa Valente, Estarreja detém uma das três colecções de equipamento e de materiais de cinema mais interessantes e importantes a nível nacional.

A análise tipológica e iconográfica dos Sacrários das Igrejas Paroquiais do Concelho de Estarreja foi apresentada por Maria Clara Vide. Coube ao jovem estarrejense Marco Pereira apresentar a História e o Património Edificado de Salreu. Nestas jornadas ficou o testemunho de José Artur Pinho, da Confraria da Broa de Avanca, sobre o "Pão de Milho – Património Gastronómico".

A responsável pelo sector de Arquivo da Câmara Municipal de Estarreja, Norvinda Leite, apresentou a evolução da implementação do Arquivo Municipal, um espaço de memória e conhecimento, e salientou a importância e responsabilidade do Arquivo na salvaguarda, preservação e divulgação do património documental de Estarreja.