Revista "Terras de Antuã": o conhecimento da história local acessível a todos

segunda, 15 de novembro 2010

"Ao longo de 4 números, editamos mais de mil páginas com cerca de 40 artigos de diversos autores, cobrindo todos os períodos históricos e temáticas muitíssimo diversas”, contabilizou Delfim Bismarck na apresentação da edição número 4 da Revista “Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja”.

A sessão, com um público muito participativo, realizou-se nos Paços do Concelho, comemorando a atribuição do Foral de Antuã por D. Manuel I, concedido a 15 de Novembro de 1519.

No debate, aberto a todos os que quiseram participar, ficou evidente a satisfação do público face a este projecto. E entre os espectadores, surgiu uma opinião incontestável, a do Professor José Mattoso, um dos maiores historiadores portugueses e que aceitou o repto para voltar futuramente a Estarreja na qualidade de orador.

Falou da importância da revista “para preservar a memória, criar um espírito colectivo, para se conhecer o passado, para as pessoas terem consciência das comunidades em que vivem. Esta é uma daquelas em que esses sentimentos são mais partilhados e vivos”, afirmou o historiador de projecção nacional e internacional.

Um projecto como este é um exemplo a seguir na opinião do Professor José Mattoso pois “permite transmitir uma consciência de património, da necessidade de preservar esse património e transmitir a cultura às gerações seguintes”, preparando os jovens que “por intermédio da cultura podem desempenhar um papel decente, digno no futuro”.

Esta é uma “obra de dimensão humana”, pessoalmente muito valorizada pelo Presidente da Câmara Municipal. É com satisfação que José Eduardo de Matos vê “cumprido um desígnio do Município, ser capaz de escrever sobre as suas terras e gentes”.

A revista, desde o número um, tem vindo a “aumentar o nosso conhecimento sobre a nossa história” e nesta edição faz-se uma primeira incursão à área empresarial, nomeadamente a propósito dos 50 anos da CIRES em Estarreja, empresa que patrocinou a edição 4 da “Terras de Antuã”. A história do Pólo Químico é um tema que o autarca também gostaria de ver desenvolvido, enfatizando o convite a novos autores a tratarem tantos novos temas e personalidades que marcaram a nossa terra comum.

Na capa desta “Terras de Antuã” aparece o retrato de Domingos Joaquim da Silva, Visconde de Salreu, destacando a incursão à sua actividade industrial e empresarial. “O Visconde de Salreu é exemplo maior do nosso município” de empreendedorismo, referiu José Eduardo de Matos.

De publicação anual, a revista é dirigida por Delfim Bismarck Ferreira. O número 4 conta com a colaboração de 19 autores e compila 15 artigos que “abrangem temáticas que vão das biografias monárquicas e republicanas, à emigração, à arte sacra e à arquitectura, passando pela recuperação do património móvel e imóvel da autarquia e pela história da indústria do concelho”, expôs Delfim Bismarck, cumprindo-se “uma das mais importantes missões deste projecto”, contribuir para engrandecer o rico património histórico do concelho.

“A revista continua a contribuir para o desenvolvimento do conhecimento, estudo e usufruto do vasto legado histórico, legando às gerações futuras um manancial de informações que permitirão um melhor conhecimento do que foram e são o concelho de Estarreja e as suas gentes ao longo dos tempos”, salientou o responsável.

Um dos autores, Macieira Coelho, sobrinho-neto de Egas Moniz, considera que “este município é um exemplo no cuidado que dá a cultura em todos os aspectos. Um que não posso deixar de referir é a Casa Museu Egas Moniz e a contribuição valiosíssima para elevar a cultura”. Na sua opinião, a revista é “uma forma muito evidente da maneira como esta câmara tem elevado e valorizado aquilo que merece ser valorizado”.

Entre a assistência, uma participante dizia que em Estarreja não se nota a crise a nível cultural. Um testemunho de alguém que fez quilómetros “com muito agrado” para assistir ao lançamento da revista. “Parabéns! Em Estarreja não se nota crise de valores, nem de cultura, nem de obras”, afirmou.