Baixo Vouga: Câmara tem alertado a APAmbiente que continua sem dar respostas

O presidente do Município de Estarreja, José Eduardo de Matos, denuncia a não reparação do sistema de valas e comportas do Baixo Vouga por parte do Estado.

quinta, 11 de abril 2013

A ausência de proteção dos campos agrícolas é reveladora “do estado de abandono a que tem sido votada no último ano toda a região do Baixo Vouga por parte da APAmbiente/ ARH Centro”, a entidade responsável pela manutenção das estruturas hídricas. O presidente do Município de Estarreja, José Eduardo de Matos, denuncia a não reparação do sistema de valas e comportas do Baixo Vouga por parte do Estado.

A Câmara Municipal de Estarreja tem chamado, de forma insistente, a atenção da tutela para o estado de degradação em que se encontram os mecanismos de defesa, agora agravado por furtos de componentes metálicos.

O autarca lamenta que “seja sempre a autarquia a resolver estes problemas que não são da sua competência nem jurisdição” e critica a falta de respostas e de intervenção da APA-Ambiente/ ARH Centro.

Esta semana, José Eduardo de Matos descrevia em declarações à agência LUSA que “além do conhecido problema do dique do Baixo Vouga que está por concluir e da pressão exercida pelas águas do Rio Vouga, enquanto decorre a construção da barragem de Ribeiradio, quem devia não cuida das valas e das portas de água. Há um acumular de problemas e um abandono generalizado”.

O mau tempo que se tem verificado provocou estragos nas margens dos esteiros de Estarreja, Salreu e Canelas, provocando a invasão dos campos agrícolas de Canelas e Salreu pela água salgada.


Água salgada chega a zonas impensáveis

Segundo o presidente da Câmara, “a situação agravou-se imenso neste inverno e a água salgada, através dos esteiros e das valas chega a zonas impensáveis há anos atrás, pondo por exemplo em causa a cultura do arroz numa área global superior a 4 hectares”.

Acrescenta que “a Câmara Municipal de Estarreja mesmo não tendo competência, nem a responsabilidade sobre a matéria, não vira as costas à situação”. Ainda no início deste ano, a autarquia estarrejense interveio no Rio Antuã de forma a resolver uma rotura nas margens, suportando um valor superior a 10 mil euros.

Em informação enviada à APAmbiente em Janeiro passado, José Eduardo de Matos relatava que, posteriormente a essa intervenção da câmara, “o temporal de 19 de janeiro provocou de novo a rotura da margem no mesmo local alagando a zona da ‘Marinha do Antuã’, continuando o rio a debitar milhões de metros cúbicos de água para fora do seu leito em terrenos agrícolas cuja capacidade produtiva da colheita de inverno já está irremediavelmente perdida”. Na ocasião, dava conta ainda que “este imenso caudal está a pressionar a margem sul do esteiro de Estarreja, pondo em causa a mesma e podendo provocar a entrada de água salobra em terrenos ainda intactos”. Não obstante os apelos e avisos, o silêncio foi até agora a única resposta obtida.

O presidente do município lembra ainda que se encontra por liquidar a parte da comparticipação da APAmbiente à Câmara respeitante ao protocolo sobre diversas intervenções realizadas nos anos de 2009, 2010 e 2011 em Estarreja.

O dique do Baixo Vouga Lagunar, um projeto inacabado e considerado como solução global para o problema, que permitirá o pleno aproveitamento de 12 mil hectares de terras agrícolas, apenas foi construído no seu troço médio, o que continua a permitir a invasão da água salgada a Sul e a Norte.