Exemplo de Egas Moniz continua atual

Cientista dá nome a Prémio Nacional de Neurorradiologia

O Município de Estarreja e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia, com a chancela da Ordem dos Médicos, uniram-se para criar o Prémio Bienal Egas Moniz, evocando um dos expoentes máximos da cultura científica nacional, ao mesmo tempo que pretende fomentar o gosto pelas neurociências e a produção científica.

sexta, 23 de outubro 2015

Quem melhor do que Egas Moniz para dar nome a um prémio que distingue a investigação científica? 

O cientista deu um inestimável contributo para a medicina mundial do Séc. XX ao descobrir a angiografia cerebral, método que, apesar dos seus 88 anos, ainda é utilizado nos dias de hoje. O Município de Estarreja (ME) e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia (SPNR), com a chancela da Ordem dos Médicos, uniram-se para criar o Prémio Bienal Egas Moniz, evocando um dos expoentes máximos da cultura científica nacional, ao mesmo tempo que pretende fomentar o gosto pelas neurociências e a produção científica.

“A Ordem dos Médicos não podia deixar de dar o seu patrocínio científico entusiasmado a esta parceria”, afirmou o Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, ontem na sessão de apresentação do Prémio Egas Moniz e de assinatura do protocolo entre o ME e a SPNR que define os termos de atribuição do galardão.

“Estamos a fazer história futura”

“Os marcos da História da Medicina catapultaram uma série de seguidores” e é com base neste princípio que a SPNR espera “fazer história futura” conforme aludiu o vice-presidente da instituição e presidente da comissão organizadora do Congresso Nacional de Neurorradiologia, Pedro de Melo Freitas. Realçar a neurorradiologia e um dos seus patronos irá “projetar nas gerações futuras o gosto pelas neurociências”, e por isso espera que o prémio “seja um dínamo à produção científica em qualidade. É o melhor exemplo de Egas Moniz que podemos dar”. 


Mais um marco para Estarreja 

“Este é um momento importante para Estarreja”, afirmou satisfeito o Presidente da Câmara Municipal, Diamantino Sabina, que partilhou a “preocupação constante do Município em preservar a memória de Egas Moniz”, nomeadamente por via da salvaguarda da Casa-Museu situada em Avanca que nos últimos anos sofreu várias intervenções de beneficiação e requalificação. Para o autarca, será relevante manter e explorar parcerias como a que agora é firmada com a SPNR, tendo em vista um maior reconhecimento e divulgação da figura de Egas Moniz. 

Uma missão como esta de valorização do espaço e do património não pode ser feita a uma voz e a câmara estarrejense não deveria estar isolada neste percurso, salientou José Manuel Silva. “Todo o país devia estar neste caminho sob liderança da Câmara Municipal de Estarreja. Uma obra destas justifica um empenho nacional e uma comparticipação nacional”, sublinhou.


Polo do Museu da Saúde em Avanca

Diamantino Sabina focou ainda uma promessa feita em 2009 pelo governo em funções na altura que ainda não foi esquecida em Estarreja, a criação de um Polo do Museu da Saúde. Apesar do “atual quadro comunitário de apoio nada guardar para a cultura”, Diamantino Sabina garante que “vamos procurar fazer prevalecer este nome da História da Medicina em Portugal e no Mundo”.

À margem da conferência de imprensa, o Bastonário da Ordem dos Médicos mencionou que “dificilmente haverá local mais indicado” para a instalação desse polo. 


Dia do Médico na data em que nasceu Egas Moniz

José Manuel Silva revelou ainda a hipótese da Ordem dos Médicos instituir o Dia Nacional do Médico na data de nascimento de Egas Moniz, a 29 de novembro, “por ser a figura mais brilhante da História da Medicina dos tempos modernos. Egas Moniz teve um reconhecimento mundial que talvez mais nenhum médico tenha tido. Tudo o que for construído à volta do nome de Egas Moniz celebra um português ilustre. De facto teve uma intervenção multifacetada o que é um sinal da sua genialidade”, conclui.  


Maior reconhecimento para um génio

Depois de ter visitado, pela primeira vez, o espaço museológico situado em Avanca, o Bastonário declarou que este património “merece, pelo que foi Egas Moniz e pela beleza e riqueza da Casa-Museu, um maior reconhecimento e conhecimento nacional”. E continuou salientando que “Portugal precisa de se orgulhar de si próprio” e entre as “pessoas excecionais da nossa História” está o cientista distinguido com os Prémios de Oslo (1945) e Nobel (1949).

As múltiplas facetas do génio tornam-no uma personalidade fascinante ao ponto de José Manuel Silva afirmar, sem exageros, que “precisamos de mais homens como Egas Moniz. Se ele hoje fosse vivo voltaria a fundar o mesmo partido político que fundou na altura. Há espaço para isso mesmo.” 

Egas Moniz continua vivo e hoje, mais do que nunca, “faz todo o sentido recordar a sua parte de neurocientista, o ecletismo da sua personalidade, a sua intervenção cívica e tê-lo como exemplo para nos ajudar a motivar para os tempos difíceis que aí vêm. Temos que saber dar a volta por cima, assim como Egas Moniz soube dar”, disse o Bastonário referindo-se a uma época difícil em que “foi possível num país sem cultura científica ter um Prémio Nobel”, mérito de um Homem inteligente, visionário e determinado “em ultrapassar as fronteiras do conhecimento da altura”. 


O Prémio Egas Moniz assinala o 70º Aniversário do Prémio de Oslo (pelo desenvolvimento da Angiografia Cerebral) e o 25º Aniversário da SPNR e será atribuído esta noite no Museu de Aveiro, inserido no “XI Congresso Nacional de Neurorradiologia - 25 Anos da SPNR”, que vai decorrer este fim de semana na Universidade de Aveiro, com extensão na Casa-Museu Egas Moniz.