No dia do Município, 13 de Junho, Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Dr. José Eduardo de Matos, profere discurso em sessão solene da Assembleia Municipal

segunda, 17 de junho 2002

“ Comemora-se hoje, na tradição popular e católica, o Dia Feriado do Município, assim institucionalizado e rodeado pelos amplos festejos a Santo António. Quisemos, Câmara e Assembleia Municipal, assinalar esta data com uma Sessão mais solene, celebrando o Município, que simboliza a unidade do Concelho de Estarreja nas suas 7 Freguesias e nos seus 28.000 habitantes. Hoje é o dia de todos nós. Todos os Residentes no Concelho e todos os nossos Emigrantes, a quem especialmente saúdo. De todo o modo, aberta fica a discussão sobre se o Dia do Município deve ser assinalado hoje, 13 de Junho, ou em 15 de Novembro, quando, em 1519, foi outorgado o “Foral de Antuã”, marcando a nossa independência administrativa. Fica o convite aos entendidos e aos voluntariosos para se pronunciarem. Certo é que em Novembro iniciaremos a simbólica Comemoração dessa data histórica que, sem dúvida, marca o nosso calendário, ao baptizar oficialmente estas que são afinal as Terras do Antuã, que ainda hoje atravessa os campos de milho que dão côr ao brasão concelhio. E convenhamos que quinhentos anos de vida comunitária não são para esquecer, são de lembrar e de afirmar, reconhecendo à Nossa Terra a importância que a História lhe deve e de que nos devemos honrar e procurar honrar. Doravante assim também será. II A Nossa Terra, o Nosso Concelho, com todas as 7 Freguesias, tem uma memória que importa fixar e não esquecer, sobretudo pelos mais novos, até para percebermos porque não nascemos hoje e porque temos raízes que nos moldam e nos dão identidade e cultura próprias. A propósito, pela reforma administrativa de 28 de Junho de 1833, o então Reino de Portugal e dos Algarves, foi dividido nas Províncias do Minho, Douro, Beira Alta, Beira Baixa, Estremadura, Além -Tejo e Algarve. Reparemos agora que a Província do Douro era dividida nas Comarcas do Porto, Amarante, Aveiro, Coimbra, Feira, Figueira da Foz, Penafiel e - advinhem - Estarreja. Esta é parte da herança que devemos respeitar, pois mostra a importância desta terra. Isto foi só há 170 anos! Foi ontem. III Desde então Estarreja, Portugal e o Mundo mudou. Hoje temos outros desafios para vencer os nossos. Agora não temos História para ler, mas Futuro para escrever. E aqui não temos mais tempo a perder, já sabemos que rumo queremos seguir, já não em Monarquia, mas em Democracia que, recentemente apontou novos caminhos locais. “Queremos ser uma terra agradável para mim e atractiva para pessoas e investidores”. Como? Pinto o quadro em três breves pinceladas: a Urbana, a Ambiental e a Económica. Desde logo, melhorando a qualidade de vida, através das Escolas, das colectividades, da cobertura do saneamento, da iluminação, da limpeza, dos espaços verdes, dos centros urbano/comerciais, enfim, reforçando os traços de urbanidade e de modernidade das 7 Freguesias do Concelho. Por outro lado, assumindo a centralidade da questão ambiental, resolvendo o passivo acumulado e responsabilizando o presente industrial, além de virarmos o Concelho para a Ria - do Parque do Antuã à requalificação da Ria e das Ribeiras, do Baixo Vouga à Quinta do Marinheiro / Casa Museu Egas Moniz. Ainda vamos, e queremos, rapidamente, criar o Parque Eco-Empresarial de Estarreja, cujas infraestruturas arrancarão, este Verão, marcando um passo decisivo no nosso desenvolvimento e, ao lado, envolvendo finalmente a Quimiparque na nossa estratégia concelhia. Estes são passos firmes, consolidados e determinados. IV E refiro estas sumárias questões hoje e aqui porque estamos na hora certa para o fazer. Assumimos, todos, novos desafios que sublinhamos no Dia da celebração do nosso Município. E porque enfatizamos 2 jornais com um século. E neles, todos aqueles que, no nosso Concelho ou nas Comunidades Emigrantes, deram o seu melhor para ser notícia ou para fazer a notícia, seja com o trabalho ou inspiração, para que os nossos últimos cem anos tivessem uma face rica, valiosa e múltipla, elevando-se das banalidades da vida quotidiana. Alguns desses protagonistas estão aqui. Muitos já faleceram. No caso, duas faces da mesma moeda: a Nossa Terra, de um lado, e, do outro, com os Nossos Homens e Mulheres, que deram corpo e alma a estes periódicos. Partilho essa emoção, pelo velho prazer do jornalismo e porque tenho também um pequeno grão de areia nesse século de vida. No Jornal “O Concelho de Estarreja”, há já 20 anos, pela mão do saudoso José Mota - dei os primeiros passos na imprensa. Nessa altura, o Sr. Martins da Silva era um jovem Director e eu um jovem promissor. Não posso esquecer esses tempos de estudante e o risco de publicar os nossos tímidos trabalhos, assumindo esse difícil risco de ser lido. Ao Jornal “ O Concelho de Estarreja”, à Senhora Domingas, ao Prof. Ismaelino e Família, ao Senhor Martins da Silva, Muito Obrigado, hoje em nome do Município. Depois, mais tarde, o “Jornal de Estarreja” tornou-se também um parceiro nas lides das Colectividades e da minha activa cidadania, muito apaixonadamente repartido também pela Rádio Voz da Ria. Enviei muitos artigos, então já mais maduros e mordazes, dando corpo ao prazer de escrever e ao sentido de responsabilidade colectiva que com muitos partilhei, na tradição de um concelho com imprensa centenária e viva. Quero significar ao “Jornal de Estarreja”, e ao Prof. Artur Tavares o meu agradecimento e reconhecimento, hoje em nome do Município. Dito isto, e tinha de o dizer, deixem só que expresse a minha satisfação por cumprir um desejo – porque estas distinções, quis o Povo, que hoje aqui estivesse a entregá-las, depois de as ter proposto há um ano com o Dr. António Simões Pinto e o António Augusto Silva. Faço-o com todo o gosto, homenageando, nos 2 jornais, todos os que nestes cem anos encheram aquelas páginas de factos, de história e de notícia. Sem todos estes Estarrejenses – idos e vivos, que não é possível enumerar - não tinha havido tais publicações mas, sobretudo, o Concelho de Estarreja não tinha o que hoje tem, nem era o que hoje é. O Município não o esqueceu. Por isso estamos aqui. Ao “Concelho” e ao “Jornal“, o Obrigado de Estarreja. “ O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Dr. José Eduardo de Matos