Primeiro Secretário da Assembleia Municipal de Estarreja, Dr. Alcides Esteves, dirige Sessão Solene no dia do Município, 13 de Junho.

segunda, 17 de junho 2002

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal, Exmos. Senhores Vereadores, Ilustre Colega de Mesa, Exma. Senhora e Exmos Senhores Deputados Municipais, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Começo por, em meu nome pessoal e em nome da Mesa desta Assembleia (cujo Presidente, em consequência das suas absorventes funções governativas, não pode estar hoje connosco), Vos apresentar as mais efusivas saudações, bem como profunda satisfação pela significativa presença de concidadãos na assistência – contribuindo, sobremaneira, para a dignificação desta nossa sessão. Entendemos, em total sintonia com o executivo camarário, que a Assembleia Municipal – enquanto órgão democrático por excelência do município, no qual se encontram representadas as quatro maiores forças partidárias do espectro político nacional e concelhio – não podia quedar-se alheia às celebrações do dia do município de Estarreja. Daí a convocação desta sessão, com o fito essencial de, também ao nível político municipal, solenizarmos esta data – que nos parece vir sendo mais celebrada como “dia de Santo António” (que, obviamente, muito prezamos) e não tanto como o dia do município de Estarreja. Na verdade, não estamos a celebrar o dia da vila de Estarreja, antes o dia do município, o dia festivo de todo o concelho de Estarreja, das suas sete freguesias. E porque é de festa que falamos, permitam-me V.Exas que enderece uma saudação festiva especial aos nossos emigrantes que, nas mais variadas latitudes, divulgam e dignificam o nosso concelho, os nossos valores, a nossa cultura. A todos estes estarrejenses que vivem na diáspora, votos de enormes sucessos e felicidade. Uma outra saudação especial se impõe aos nossos imigrantes. Estarreja é hoje, um tanto paradoxalmente face à nossa ainda significativa comunidade emigrante, um concelho de acolhimento para muitas e muitos cidadãos oriundos, nomeadamente, da Europa de Leste, de África e da América Latina. A estes homens e mulheres que, com o seu labor, connosco constroem o desenvolvimento do nosso concelho, expressamos também aqui o nosso sincero apreço e o nosso desejo de que se sintam bem entre nós. Celebrar o dia do município, para além da participação nos múltiplos eventos festivos, impõe-nos uma reflexão essencialmente prospectiva. Na verdade, mais do que falarmos do passado, da evolução ocorrida – e, convenhamos, Estarreja é actualmente um concelho muito diferente, para melhor, do que era há vinte e oito anos atrás – importa reflectir acerca do que deveremos ser e ainda não somos, do que devemos ter e ainda não temos, do que devemos ambicionar e ainda não ambicionamos sequer. Vale isto por dizer que teremos, essencialmente, de pensar o nosso futuro colectivo – que se deseja de progresso harmonioso, sustentado, concertado. No mandato autárquico precedente, muniu-se o nosso município de um Plano Estratégico. Em boa hora o fez., porquanto necessitamos de uma matriz que integre e ordene as opções, os contributos, as ideias para o desenvolvimento do município de Estarreja. Não partilho, porém, de uma visão estática deste plano; não creio que se nos imponha dever segui-lo à risca. Vejo-o, isso sim, como um precioso instrumento de trabalho, dinâmico, que nos deve servir de referente enquadrador. Entendo, todavia, não ser este o momento mais adequado para tecer grandes lucubrações acerca do que, na minha perspectiva, deve integrar e constituir vector de desenvolvimento concelhio. Há, porém, duas ideias-mestras que gostaria de convosco partilhar: 1. O nosso concelho deve, desde logo, adquirir maior visibilidade e notoriedade regional. Sem que isto aconteça, não representaremos alternativa apelativa aos forasteiros, seja para aqui viverem, seja para aqui investirem. Para alcançarmos este desiderato, não poderemos aguardar que os outros nos descubram (aliás, têm-nos decoberto, essencialmente, pelos piores motivos); teremos de ser nós próprios a desenvolver um acentuado e sustentado esforço de pública afirmação, desvelando à região e ao país o nosso concelho, as nossas virtudes; o que de bom temos (a nossa localização geográfica, as vias de comunicação que nos servem, as infra-estruturas económicas, sociais, culturais e desportivas de que dispomos) e o que de bom vamos fazendo. Recordarei, a este propósito, duas propostas há vários anos apresentadas no seio do executivo camarário e aí aprovadas por unanimidade, mas não levadas à prática: a) uma, apresentada por mim próprio (então Vereador), desafiava a Câmara Municipal a organizar, com a periodicidade anual ou bienal, um certame onde mostrássemos as potencialidades e virtualidades económicas do nosso município – evento em cujo âmbito poderíamos igualmente inserir muito do que, em termos musicais e artísticos, vamos também produzindo. O espaço para este efeito existia e existe – Oliveira do Bairro organizava a “FIACOBA” nas instalações de uma escola, em período de interrupção escolar; Castelo de Paiva vai organizar a sua mostra de potencialidades económicas num pavilhão gimnodesportivo. Na época, inexistia em Estarreja uma Associação Comercial e Empresarial; hoje existe e pode assumir-se como um parceiro de referência na organização deste evento; b) outra, apresentada pelo então Vereador, Exmo. Sr. Dr. Dário Matos de Almeida, sugerindo se implementassem e divulgassem roteiros turísticos ecológicos nos nossos campos do baixo Vouga lagunar, incidentemente em Salreu, e se tomassem medidas tendo em vista a construção de uma Pousada de Juventude no nosso concelho, nas proximidades destes locais de interesse turístico ambiental. Sem qualquer presunção, parece-me que estas propostas se mantêm meritórias e plenas de actualidade. A sua implementação constituiria, sem dúvida, um contributo relevante para este necessário esforço colectivo de desvelamento do município de Estarreja. 2. A segunda ideia que convosco pretendo partilhar prende-se com a urgente e absolutamente indispensável mudança de mentalidades e atitudes que a todos convoca. Teremos, todos, de assumir um espírito mais empreendedor em favor de Estarreja, seja ao nível económico, social, cultural, ambiental ou político. Deveremos procurar e realçar mais o que nos une, promovendo e fomentando a excelência (que pena, aliás, sermos tão parcos de elites...), nunca nos contentando com o sofrível ou razoável; Deveremos assumir, incentivar e cultivar um bairrismo estarrejense saudável – que hoje me parece pouco expressivo, senão mesmo inexistente. Se não gostarmos de nós próprios, da nossa terra, do que aqui temos, quem gostará? Obviamente, deveremos, todos, desenvolver um esforço activo para que o nosso concelho seja mais bonito, para mudar o que não gostamos e obter o que ainda não temos; Deveremos deixar de parte algumas invejas e querelas mesquinhas que ainda nos vão periodicamente consumindo, desviando-nos do que é verdadeiramente importante em termos colectivos; Teremos de abandonar definitivamente, nas nossas relações interpessoais e institucionais, os estigmas e os “ghetos” ideológico-partidários. Concordareis que, infelizmente, ao longo dos anos se têm perdido óptimas ideias e iniciativas somente porque originárias de quadrantes políticos e partidários que não os da nossa simpatia. Este é um esforço que a todos deve mobilizar, na certeza de que é da diversidade de opiniões (simultaneamente sinal de riqueza de um povo) e do confronto das ideias (que não das pessoas) que nascerá a luz. Seja-me permitida uma referência final de felicitação e reconhecimento para os centenários jornais concelhios (“O Jornal de Estarreja” e o “O Concelho de Estarreja”), a quem hoje entregamos as medalhas de ouro do munícipio - com que foram distinguidos por esta Assembleia, sob proposta da Câmara Municipal. A qualidade da nossa vida política democrática municipal depende em muito de Vós e dos demais órgãos de comunicação social concelhios; da Vossa imparcialidade, da isenção com que noticiais os factos. Da diversidade de opiniões que veiculais depende a qualidade da opinião pública municipal, a sua capacidade crítica e a sua própria clarividência. Da vossa existência e vitalidade, muito depende a ligação afectiva dos nossos emigrantes a Estarreja, à nossa vida colectiva. Que nunca vos deixeis fraquejar nesta vossa tarefa, verdadeira missão pública. Minhas senhoras e meus senhores, termino desejando-Vos a continuação de óptimo feriado municipal e exortando-Vos a, nos mais diversos níveis de actividade em que actueis, dignificardes Estarreja. Tenho dito. Alcides José de Sá Esteves Primeiro Secretário da Assembleia Municipal de Estarreja