“Quem ama não agride!”: violência no namoro em debate nas escolas de Estarreja

Fevereiro é tempo de falar de amor! Mas amor nunca foi, não é, e nunca será sinónimo de insultos, ameaças e humilhações. Na passada segunda-feira, dia 11 de fevereiro, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Estarreja (CPCJ), com a colaboração do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), marcou presença na Escola Básica Integrada de Pardilhó e na E.B. 2,3 Prof. Dr. Egas Moniz para falar da prevenção e para sensibilizar os alunos do 9.º ano para a “Violência no Namoro”.

quarta, 13 de fevereiro 2019


Isabel Simões Pinto, presidente da CPCJ, justifica a realização destas sessões baseada nos números desta realidade social que são alarmantes. “É preocupante pensarmos que 25% dos jovens portugueses que participaram num inquérito realizado nos anos letivos de 2008 a 2010, e que envolveu 1476 jovens com idades entre os 15 e os 20 anos de escolas de seis distritos do norte e centro do país, reconheçam ter adotado um comportamento violento, pelo menos uma vez, com o seu parceiro/a, e que 22,5% tenha admitido ter sido vitima de agressão do parceiro/a”. 

A CPCJ desempenha um papel fundamental ao nível da prevenção, e segundo Isabel Simões Pinto, “ quando registamos a violência doméstica como a 2.ª problemática mais prevalente das sinalizações recebidas, temos que mobilizar meios para sensibilizar as crianças e jovens, alertando para determinados comportamentos, que podem até nem ser entendidos como violentos, e desconstruindo padrões de transmissão intergeracional da violência”. A presidente da CPCJ de Estarreja salienta ainda que “a missão da CPCJ, nesta como noutras ações, passa por fornecer aos jovens algumas ferramentas e competências que lhes permitam lidar com situações adversas e saibam dizer não, neste caso concreto, à violência no namoro… quem ama não agride!”

Com olhar atento, os estudantes foram alertados para este drama, que tal como a violência doméstica, é um crime público e deve ser denunciado, e se assim o entenderem, de forma anónima. E que uma relação baseada em maus tratos verbais ou físicos dificilmente muda ao longo do tempo.

Joana Lima, coordenadora do projeto Unlove/Unpop e ativista do Núcleo de Aveiro do MDM, nas sessões apresentou o videojogo "UNLOVE" destinado a adolescentes para smartphone (android ) e computador que visa, entre outros objetivos, prevenir para esta problemática cada vez mais crescente. A ideia para a criação desta ferramenta surgiu quando se aperceberam que as “lições de moral” não eram suficientes e que o caminho era “criar instrumentos inovadores e mais motivadores para os jovens”.

“Destina-se a crianças e jovens dos 12 aos 18 anos e pode ser descarregado gratuitamente”, começou por explicar Joana. “É um jogo baseado em princípios não moralistas, não limitadores e dá sempre uma opção positiva. O jogo permite a cada utilizador viver “história de namoro", onde lhes são colocadas situações sobre as quais terão de tomar decisões comportamentais para prosseguir. As decisões conduzem a diferentes caminhos de relação e ocorrem em diferentes espaços (a casa, o café, a escola, a praia) e o jogo está desenvolvido para que o jogador vá tomando consciência do resultado das suas decisões”. 

“Além do videojogo, em simultâneo foi lançado o guião UNPOP, um 'kit' pedagógico composto por um filme e um guião, para ajudar - não só os jovens, mas também os professores – a trabalhar estes assuntos de forma autónoma. 

Esta iniciativa surge no âmbito de um projeto do MDM (Unlove/Unpop), financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade, e conta com a colaboração da Universidade de Aveiro.