EMPRESÁRIOS SENSIBILIZADOS PARA A CONTRATAÇÃO DE DEFICIENTES

segunda, 03 de novembro 2003

Sensibilizar os empresários para a contratação de pessoas com deficiência é o desafio que se segue. A ideia foi lançada pelo presidente da Associação Empresarial SEMA no Colóquio “Subsídio – Dependência ou Integração Laboral” promovido pela Delegação local da APD – Associação Portuguesa de Deficientes. Pedro Marques, um dos oradores presentes, “quer estimular os empresários a admitirem pessoas com deficiência”. Nesse sentido, defende a realização de uma campanha de sensibilização destinada aos 1400 associados da SEMA. A acção poderá concretizar-se através da publicação de um documento informativo que inclua informações úteis para as empresas, nomeadamente, os incentivos financeiros atribuídos pelo Governo às entidades empregadoras na contratação de deficientes. A iniciativa poderá nascer de uma cooperação entre a SEMA, APD e Instituto de Emprego e Formação Profissional. O presidente da SEMA estima que entre “90% a 95% dos empresários não têm conhecimento dos apoios” que podem vir a beneficiar. O porta voz dos empresários colocou em cima da mesa a possibilidade da assinatura de um protocolo de colaboração entre as três entidades e manifestou “a certeza absoluta de que, dentro de alguns meses, as pessoas com deficiência irão ter novos postos de trabalho” na região, caso a ideia avance. O presidente da APD, Humberto Santos, disse que a APD “está disponível para encarar a proposta. É necessário passar das quatro paredes para o exterior, é necessário sensibilizar a opinião pública e alterar a imagem das pessoas com deficiência na sociedade portuguesa”. Humberto Santos dirigiu palavras de elogio à Câmara Municipal de Estarreja pela “disponibilidade que não tínhamos até agora. A APD encontrou um espaço neste concelho para fazer o que há muito tempo desejava. A autarquia estarrejense apoia o nosso trabalho ao contrário de outras autarquias profundamente insensíveis”. O presidente da APD referiu-se a uma “atitude discriminatória” da Câmara Municipal de Ovar. Humberto Santos mostrou-se estupefacto com um convite para um almoço convívio onde era referido que “por dificuldades de pessoal de acompanhamento, as pessoas com problemas de mobilidade, inclusive que se movimentem em cadeiras de rodas, não podem participar na iniciativa”. Uma situação que a APD promete denunciar ao “Presidente da República, Primeiro Ministro e Ministro do Trabalho e da Segurança Social”. Na sessão de abertura do colóquio, o presidente da Câmara Municipal, José Eduardo Matos realçou que a Estarreja “está a consolidar a área que diz respeito à mobilidade física das pessoas com deficiência. Estamos a trabalhar nisso. Agora é hora de assumirmos novos desafios e sinergias no campo da mobilidade laboral”. Os apoios aos empresários “são um meio facilitador da integração dos deficientes”, referiu o director do Centro de Emprego de Aveiro, António Marques, e traduzem-se em prémio de integração, subsídios de compensação, de acolhimento personalizado, de adaptação de postos de trabalho e de eliminação das barreiras arquitectónicas. Medidas previstas no Decreto de Lei nº 247/89 de 5 de Agosto. As opiniões convergem num sentido. “Portugal é um país onde não faltam leis mas falta a sua aplicação e divulgação”, sintetizou o sindicalista José Paixão, da União de Sindicatos de Aveiro.