Espectáculo de dança hoje a cargo de companhia francesa

ESTA 2001 abre o palco à dança

quarta, 07 de novembro 2001

Na segunda semana de programação, o Festival de Estarreja ESTA 2001, que se prolonga até ao próximo dia 17 deste mês, reservou até este sábado quatro espectáculos, todos às 21,30 horas, três deles reservados à dança com a presença de uma companhia nacional e uma francesa, e um outro de teatro. As noites terminam com espectáculos musicais. O primeiro espectáculo dedicado à dança é apresentado hoje ao público e estará a cargo da companhia Marouschka com o espectáculo «Regard du Temps», um trabalho de pesquisa fundamental sobre a linguagem, a gestualidade e os sons. Amanhã, quinta-feira, o lugar é cedido ao projecto «Hidra» com a performance «Os sentimentos atrasam». Trata-se de um monólogo com base no texto de Antonin Artaud, na sua vida e obra. Aqui se conjugam e entrecruzam várias áreas e vertentes artísticas: as explorações performativas, a literatura, as artes plásticas, a música e os audiovisuais, denotando uma reflexão sobre a comunicabilidade e entreacção entre as mesmas. O actor escreve/diz o seu poema sob a forma de um libelo acusatório contra todos os que jamais o compreenderam ou sequer tentaram compreender. Inevitavelmente, a loucura é omnipresente durante a acção. Loucura que se manifesta tanto física como verbalmente. O público do ESTA 2001 poderá, na sexta-feira, rever a dança da companhia Marouchka com o espectáculo «La province de ma tête», criação inspirada no trabalho sobre a poesia-jazz dos anos 50 e 60 do poeta e pintor americano Kenneth Rexroth. A peça reunirá cinco bailarinos-actores-músicos e cantores numa cenografia que fragmenta o espaço, recorta o corpos e distorce os reflexos. A companhia Marouschka é dirigida por Francis Plisson e foi fundada em 1996. Este coreógrafo/bailarino procura uma linguagem corporal inovadora através de uma relação de intimidade entre a dança contemporânea e a música. A natureza do jogo livre dos músicos do jazz contemporâneo constitui a referência e a afinidade que define a identidade artística do projecto francês. Músicos e bailarinos tocam ou dançam continuamente para manter um equilíbrio entre estrutura e risco. Cada um reivindica um espaço de liberdade em todos os domínios da improvisação, sejam rítmicos, gestuais, harmónicos ou melódicos.O final da noite pertencerá aos TRIP, grupo musical que se dedica exclusivamente à criação de temas originais de rock e pop, procurando a fusão entre vários géneros musicais, sempre com uma matriz muito própria. A segunda semana do Festival Internacional de Estarreja encerra com a actuação da conhecida companhia Paulo Ribeiro com «Comédia Off». Um espectáculo que Paulo Ribeiro reflecte desta forma: «Luz, cor, harmonia, ousadia de formas, música, som, muito som, frontalidade, ingenuidade, público, público. Esquecer-se de si, agir, agir, deixar-se possuir. Ultrapassar-se, surpreender-se com a segurança do adorno. Engenharia subtil do sonho, passos, muitos passos, corpo que desliza pelo espaço, corpo quedevora espaço e silêncio. Optimismo crónico. Voz, muitas vozes, ambição de originalidade, maquinaria de maravilhas com precisão industrial. Celebração apoteótica de si próprio, generosidade cataclítica, talento poliglota. Estar desesperadamente vivo. Não há lugar para pessimismo. Só existe espaço para a exaltação da alegria». A noite termina com a actuação do grupo Celtibéria. Para além de alguns standars, o sexteto dedica-se à composição de temas originais de marcada inspiração celta. Neste espectáculo pontificarão o virtuosismo do acordeão e do violino em contraponto ao balanço rítmico celta da bateria.