Jovens alertam para a protecção da floresta

segunda, 27 de agosto 2007

52 jovens do concelho dão um exemplo de intervenção cívica no programa de voluntariado “Juntos pela Floresta, Todos Contra o Fogo no Concelho de Estarreja”. Desde Julho, a vigilância das áreas verdes do município é assegurada pelos voluntários, numa medida devidamente estruturada no POM – Plano Operacional Municipal 2007. O programa termina esta semana. Até sexta-feira, as últimas equipas continuam empenhadas em acções de vigilância, limpeza da floresta e sensibilização da população. 

Esta acção, que decorre pela segunda vez em Estarreja, é organizada pela Câmara Municipal, através do Gabinete Técnico Florestal, no âmbito do programa Voluntariado Jovem para as Florestas, do Instituto Português da Juventude.

A vigilância é feita de acordo com as zonas definidas no POM, ou seja, protecção envolvente a aglomerados populacionais e polígonos industriais. Os jovens desenvolvem ainda acções de sensibilização, de recolha de lixo e inventariação de zonas de lixo, linhas de água e caminhos de acesso. Todas as freguesias do concelho foram abrangidas.

Até agora, foram cumpridos os objectivos estipulados no POM, quer a nível de áreas abrangidas, quer a nível de actividades previstas. Tal como no ano anterior, esta experiência revela-se positiva, pelos resultados conseguidos na defesa dos recursos florestais, e pela lição dada por estes jovens na protecção do património natural.

A articulação deste programa de voluntariado com o POM – um instrumento de trabalho e de apoio na prevenção, 1ª intervenção, combate, rescaldo e vigilância pós incêndio florestal, articulando os meios de todos os intervenientes no período crítico (Câmara Municipal, Bombeiros, GNR) – demonstra a importância do voluntariado ao nível da prevenção e sensibilização.  


VOLUNTÁRIOS LAMENTAM FALTA DE CIVISMO E IRRESPONSABILIDADE

Esta semana, a equipa de André Paiva, 23 anos, de Veiros, foi destacada para a zona industrial, junto à Estrada Municipal 558. Felizmente, este ano ainda não deu nenhum alerta de incêndio. Contudo, os cinco elementos do grupo não têm tido mãos a medir com a recolha do lixo, largado para o chão, junto à faixa de rodagem.

“Encontra-se todo o tipo de lixo”, lamenta o jovem que participa pela terceira vez no programa. Já Jacinta Castro, 18 anos, de Veiros, estreante nestas lides, nem queria acreditar até onde pode ir a falta de civismo e a despreocupação humana relativamente ao ambiente. “É arrepiante ver os depósitos de lixo que encontramos no meio dos pinhais. Ontem enchemos nove sacos em apenas uma hora e meia. Se quem faz isto visse a quantidade de lixo que é atirada para o chão, tomaria consciência que não é correcto”.

Em relação ao ano passado, André constata que “as pessoas estão ligeiramente mais sensibilizadas mas continua a haver uma má formação. Ainda hoje vimos uma queimada e continua a existir muita irresponsabilidade”. A queima de sobrantes, apesar de proibida no período crítico, continua a persistir e a ameaçar a zona florestal do concelho. “Há pessoas que ainda não sabem que as queimadas são proibidas”, refere Jacinta, apesar de todos os esforços de sensibilização e de veiculação da informação.

A limpeza das matas, da responsabilidade dos proprietários e indispensável para a prevenção de incêndios, é outro assunto que deixa os jovens desiludidos. “As pessoas simplesmente não limpam. Ao longo desta via, junto à faixa de rodagem, apenas uma pequena propriedade está limpa”, lamenta André. Jacinta acha que “os donos dos pinhais são descuidados em relação à limpeza dos mesmos. Fiquei muito decepcionada com o estado das matas”.

O espírito cívico destes jovens levou-os a dar um sentido diferente às férias e a fazer algo profícuo para o meio onde vivem. André embarcou neste projecto pelo “espírito de equipa e para me sentir útil para a sociedade”. Jacinta lembra que “é muito positivo haver quem se ocupe da protecção, prevenção e sensibilização. Sinto-me útil para a comunidade e realizada. Vim por intermédio de um grupo de amigos, para ter uma ocupação nas férias e para ajudar”, conclui.

 

A área florestal do concelho representa 26,7% do território concelhio com cerca de 2900 hectares. Avanca e Beduído são as freguesias com uma maior área florestal, contudo é em Canelas que a floresta ocupa uma maior percentagem da área total da freguesia (42%). Nos últimos anos, é no sul do concelho (Salreu, Canelas e Fermelã) que se regista uma maior área florestal ardida.

 


A sessão de encerramento do projecto de voluntariado decorre esta sexta-feira, dia 31 de Agosto, às 15 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal, com a presença dos jovens voluntários e das entidades envolvidas.