“Português Sem Mestre” Apresentação do novo livro de Joaquim Lagoeiro

quarta, 12 de setembro 2007

Comemorando 60 anos de vida literária, Joaquim Lagoeiro acaba de lançar um novo livro, intitulado “Português sem Mestre – Crónicas Linguísticas”, com o apoio da Câmara Municipal de Estarreja. A apresentação da obra, coincidentemente dedicada aos seus Professores de Instrução  Primária, vai acontecer esta sexta-feira, dia 14, às 21h30, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Salreu, inserida nas comemorações do centenário da Escolas das Laceiras. 

Joaquim Lagoeiro foi distinguido, no ano passado, com a Medalha de Mérito Municipal de Estarreja. Aos 89 anos, o escritor já publicou mais de 2 dezenas de obras, tendo mais quatro livros na manga. É um dos grandes valores do romance português da segunda metade do séc. XX.

O presidente da Câmara Municipal valoriza o mérito de Joaquim Lagoeiro. “Este jovem de quase 90 anos é hoje só o maior vulto literário do Município”, considera José Eduardo de Matos. Nascido a 2 de Setembro de 1918, em Veiros, foi criado em terras marinhoas, que lhe servem de inspiração.

Em “Português sem Mestre”, ao longo de 7 dezenas de crónicas linguísticas, o autor conta histórias sobre a língua portuguesa, seguindo o itinerário das palavras, desde a sua origem como o nome de Pardilhó, até à sua pronúncia como no texto “Os média, os mídia ou os médias?”. O Mestre na arte de contar mostra o seu apego ao latim. “Mais que as origens, ao autor procura nele (no latim clássico e popular) o chão onde assentar o mapa das palavras, amplificando-lhes os sentidos, desenhando-lhes a forma”, descreve a filha do autor, Dulce Pereira, no prefácio deste novo livro.

 


“Estas crónicas – porque de crónicas se trata, publicadas nos últimos anos em diferentes jornais – são como as cerejas. Atrás de umas outras vêm, ao sabor de um pensamento em nada linear, que não se contenta com explicações fáceis nem com argumentos de autoridade. Pelo contrário, põe a dúvida e o raciocínio metódicos ao serviço das hipóteses, ao mesmo tempo que não poupa, denunciando, às vezes com ironia, e mesmo com sarcasmo, as incoerências, as ilogicidades e as faltas de rigor, bem como a verborreia pomposa dos pernósticos.”
 
Prefácio de Dulce Pereira

 

 


Obras do autor

Romances
Viúvas de vivos
Os Fraldas
As Castigadas
Corda Bamba
Mosca na Vidraça
O Manto Diáfano
Santos Pecadores
Madre Antiga
Almas Danadas
O Poço
Cafarnaum
Mar Vivo
Caiu um Santo do Altar
Congosta
Nas Margens do Amor (a publicar)

Contos e Novelas
Ramilhete Espiritual de Estórias Profanas
Manual de Casos de Consciência
Desconstrução – Novelas do Desconsolo
Assim no Céu como na Terra
Uma Lágrima do Céu – Contos Infantis
Estórias Pequeninas – Contos Infantis (a publicar)
O baile (a publicar)

Crónicas
Português sem Mestre – Crónicas Linguísticas

Poesia
Flor do Sal – Sonetos de Amor e Escárnio
João (fora do mercado)
Erótica e Satírica (a publicar)

 

Comentários sobre o autor

" (...) Ficcionista hábil de estilo enxuto e escrita directa, mas sabiamente trabalhada (...)"
Maria Alzira Seixo

"É Joaquim Lagoeiro escritor na única acepção. (...) Longe de regionalista no senso comum, o figurado rústico talha-o J.L. sem maneirismos de folclore, a enxó, goiva e grosa de santista inspirado. As almas e corpos brutos dos seus romances diferençam-se dos de qualquer romancista: são vistos directamente pelos seus olhos. Nunca de convenção pitoresca, são de ursos, de lobos, de ouriçados javalis humanos, toscos de carne e bravios de paixões, se não de ingenuidade de cordeiros de Deus, surpreendidos, meditados e recriados com realismo poético"
Tomaz de Figueiredo

"Romancista de boa cepa"
J. Pires Cabral

"Uma aventura idiomática: Lagoeiro insere-se nessa fascinante tradição da prosa portuguesa, no melhor que a prosa portuguesa possui"
Baptista Bastos

" (...) Diálogo vivo. Tão vivo e insinuante que fico a perguntar-me (...) porque não foi ainda tentado pelo teatro"
Mário Sacramento

" (...) o seu domínio da linguagem rural, a sua familiariedade com provérbios e sentenças, a sua capacidade para colorir a frase e confeccionar um diálogo vivo, lesto, com rompantes de violência, assomos picarescos e estos de sensibilidade"
Urbano Tavares Rodrigues

" (...) a Natureza mudada em prosa, as frases despidas de casquilhos qualificativos, a descrição que é tão directa como o Sol que se repete (...)"
Áppio Sotto Mayor

 

 

 

FOTO: ENTREGA DA MEDALHA DE MÉRITO MUNICIPAL 13 JUNHO 2006