O Prémio Nobel faz parte do património da nação portuguesa

"EGAS MONIZ – Uma biografia", de João Lobo Antunes

quarta, 19 de janeiro 2011

Uma figura da medicina mundial, escrita por outra grande figura da medicina portuguesa. “Egas Moniz, Uma Biografia” é um trabalho inédito e pioneiro do neurocirurgião João Lobo Antunes. A obra foi apresentada em Estarreja, nos Paços do Concelho, no último sábado, numa sessão inserida nas comemorações do 6º Aniversário da Elevação a Cidade. Esta “é uma contribuição para que o verdadeiro Egas Moniz seja conhecido pelo povo português”, disse o autor.

O autor procurou uma narrativa objectiva e crítica, para a qual dispôs de numerosos documentos e cartas inéditos e do testemunho de colaboradores e familiares de Egas Moniz. “O acesso a documentos privados foi muito importante”, destacando os que foram cedidos pelo Município, através da Casa Museu.

Uma disponibilidade que agradeceu ao Município. “A obra só podia ser apresentada aqui e não teria sido possível sem Estarreja. É um produto desta terra”. Ao mesmo tempo veio “prestar mais uma homenagem a esta figura tão grande da medicina mundial. Espero que este livro contribua para perceberem qual a dimensão internacional desta figura da medicina do século XX”, que, para além de cientista, foi político, diplomata, um homem das letras, um clínico de sucesso.

Esta é a primeira biografia de Mestre Egas, a quem se devem duas contribuições científicas fundamentais: a angiografia, uma técnica que permite a visualização dos vasos cerebrais, e a psicocirurgia, o primeiro tratamento cirúrgico de certas doenças psiquiátricas, agora ressuscitada em consequência de progressos tecnológicos recentes. Em conclusão: “Merecia, não um, mas dois Prémios Nobel”.

A sua contribuição científica mantém-se actual. “Um trabalho fantástico, de persistência, de rigor. Do ponto de vista científico, de uma metodologia perfeita, de como se inventa um procedimento, como se testa, como se analisam os resultados. A obra de Egas Moniz permanece um marco das neurociências do século XX, internacionalmente reconhecida como tal”, certificou o neurocirurgião.

Um acto de justiça

Numa Cidade Feliz. Assim definiu o Presidente da Câmara Municipal, José Eduardo de Matos (citando uma outra obra do autor),  o estado de espírito de Estarreja. Tendo escrito em 2002 a João Lobo Antunes a “estender-lhe a passadeira: Venha de lá essa Biografia de Egas Moniz”, o autarca considera que “esta obra é um acto de justiça. Egas Moniz tem sido esquecido e é uma das grandes figuras de Portugal que deve ser relembrada. O senhor fez mais pelo reconhecimento de Egas Moniz que sucessivos governos”.
 
“Conseguimos realizar uma das nossas ambições, dar a Portugal a possibilidade de conhecer melhor o professor Egas Moniz, de repor justiça relativamente ao seu nome e à sua obra e que isso sirva de desafio para que as entidades nacionais, o governo, percebam que o exemplo de Egas é um grande exemplo para os tempos actuais – como empreendedor, como inovador, como exportador e como homem que é capaz de fazer a diferença. Mesmo com muitas dificuldades ganhou um Prémio Nobel”, disse José Eduardo de Matos, salientando que todos os projectos e obras na Casa-Museu Egas Moniz têm sido iniciativa única do Município.


Egas Moniz no Panteão Nacional

“Egas Moniz faz parte do património cultural e cientifico da nação portuguesa”. E por isso afirmou, durante a sessão, “que o lugar de Egas Moniz é no Panteão Nacional”.

Após a apresentação do livro e a sessão de autógrafos, João Lobo Antunes confidenciava que Egas Moniz que “a certa altura a escrita de uma biografia torna-se obsessiva. É como se a personagem nos habitasse, não pensamos noutra coisa”.

Para João Lobo Antunes, a obra “representa a concretização de um sonho muito antigo” que nasceu de laços familiares. O seu tio-avô, Pedro Almeida Lima, fundador da neurocirurgia portuguesa, foi colaborador próximo do cientista de Avanca. “Foi o braço direito de Egas Moniz e o meu pai foi o seu último assistente”, contou o autor que já tinha escrito vários coisas sobre o inventor da angiografia e da psicocirurgia.

Após a intervenção do representante da editora Gradiva, Vítor Patinha, a conservadora da Casa-Museu Egas Moniz, Rosa Maria Rodrigues, apresentou a obra, e sublinhou que “estamos perante a biografia de um dos grandes cientistas portugueses de todos os tempos. Quem o melhor poderia fazer senão um neurocirurgião ligado intrinsecamente a Egas Moniz por laços familiares e ele também um neurocirurgião de refutado nome. A relação biografo / biografado é muito íntima, muito própria e próxima”. 

 


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