Homenagem ao Professor Aníbal da Rocha Henriques

Esta tarde, às 14h00, será descerrada na Escola de Santo Amaro uma lápide comemorativa do centenário do nascimento do professor.

quinta, 02 de maio 2013

A homenagem a Aníbal da Rocha Henriques, que exerceu funções como professor na Escola de Santo Amaro durante 40 anos, assinala o centenário do seu nascimento (1 de maio de 1913).

Ontem realizou-se uma celebração eucarística na Capela de Santo Amaro, seguida de romagem ao Cemitério de Beduído. Esta quinta-feira haverá uma sessão evocativa da vida e obra do professor.

Programa

2 maio | 14h00 | Escola de Santo Amaro
Descerramento de lápide comemorativa, seguida de uma sessão evocativa da vida e obra do Professor Aníbal da Rocha Henriques

 

Notas Biográficas de Aníbal da Rocha Henriques, pelo filho José Henriques

Filho de Salvador António Henriques, lavrador, e de Maria Aires da Rocha, doméstica, nasceu a 1 de Maio de 1913 numa pequena aldeia do Caramulo onde se praticava agricultura de subsistência. É claro que não se falava de energia eléctrica telefone ou sequer automóvel que só veio a aparecer bastante mais tarde. Uma vinda a Águeda significava dois dias a pé. Um para a vinda e outro para a ida. Foi o único de sete irmãos que frequentou o Liceu de Aveiro e depois teve dois anos de Escola Normal. Como viveu durante a Segunda Grande Guerra experimentou o regime de Racionamento.

Ficou como Professor Efectivo na Escola Masculina de Santo Amaro cerca de quarenta anos e durante muitos anos teve na sua Sala de Aula as quatro classes com o número de alunos que calhava, em condições que hoje nem sequer seriam admissíveis. Às vezes não havia carteiras para todos e alguns sentavam-se no chão. Também não havia Cantina nem Auxiliares de Acção Educativa. A maioria dos meninos não tinham sapatos e o bico e a lousa eram as ferramentas fundamentais. Papel quando usado era com lápis e borracha e depois havia um treino especial para escrever a tinta com a pena e o mata-borrão. Os livros adoptados eram encapados e estimados de maneira que dessem para vários irmãos ou amigos porque não havia dinheiro para comprar novos.

A lareira da Escola só muito raramente era acesa pois não havia lenha a não ser que algum pai caridoso a oferecesse. As casas de banho eram retretes, pouco mais que um buraco no chão. Apesar de tudo havia classificação de Professores. No final de cada Ano Lectivo era atribuída classificação a todos os Docentes e se alguém tivesse deficiente, suponho que duas vezes, era pura e simplesmente  demitido do ensino. Uma das grandes avaliações era relacionada com o aproveitamento dos alunos que tinha de ser positivo pelo menos com dois terços dos alunos. No fim de cada ano lectivo havia a passagem de classe e na terceira e quarta classes havia exame com júri e prova escrita e oral. Nenhum professor fazia provas de passagem ou exames aos seus alunos.

Como a grande maioria das pessoas eram analfabetas houve uma grande campanha de alfabetização onde meu pai também esteve envolvido e conseguiram-se bons resultados com o empenho de muitos adultos que depois das suas ocupações diárias ainda se deslocavam à Escola para aprender a ler e a escrever.

Não tenho dúvidas ao afirmar que ele contribuiu com o seu trabalho e exemplo de seriedade e dignidade para o progresso humano e material desse Concelho onde ele escolheu viver e trabalhar.

Ponta Delgada 05 de Março de 2013
José Henriques