Viajar pela História municipal

A atribuição do Foral do Antuã é um marco na História de Estarreja que a Câmara Municipal comemora anualmente com a publicação da Revista Terras de Antuã. Lançado a 15 de novembro de 2014, o volume 8 desperta-nos para mais um conjunto de histórias, memórias e personalidades concelhias, salvaguardando um inestimável património coletivo.

sexta, 28 de novembro 2014

A atribuição do Foral do Antuã é um marco na História de Estarreja que a Câmara Municipal comemora anualmente com a publicação da Revista Terras de Antuã. Lançado a 15 de novembro de 2014, o volume 8 desperta-nos para mais um conjunto de histórias, memórias e personalidades concelhias, salvaguardando um inestimável património coletivo.
 
“Páginas e páginas da identidade deste povo que o tempo não se encarregará de apagar! Tal como em qualquer das sete anteriores, desta edição não peca o conteúdo”, sublinha o Presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Diamantino Sabina. 13 artigos, assinados por 15 autores dão corpo a 311 páginas de uma imensa riqueza histórica.      
 
Com uma roupagem mais contemporânea, a 8ª edição apresenta na capa a Casa de Francisco Maria Simões, situada em Salreu, numa homenagem ao arquiteto Francisco da Silva Rocha e à Arte Nova. Destacando-se a arquitetura, “escondeu-se da capa a face dos nossos antepassados mas não se lhes escondeu a alma. Continuam vivos e bem vivos nas páginas que compõem este livro do saber”. Numa altura em que se comemoram os 140 anos do seu nascimento, “Egas Moniz e o relevo das suas descobertas” recebe um olhar especial de Diamantino Sabina. “Muito nosso, este Nobel da Medicina, perdurará nos anais da história da ciência, da política, da literatura e do belo”.
 
Conforme referiu a nova diretora da Revista e conservadora da Casa-Museu Egas Moniz, Rosa Maria Rodrigues, os temas explanados “permitem um maior conhecimento da historiografia local, suscitam a discussão, permitem a divulgação de estudos sobre realidades que passariam despercebidas, se não fossem compiladas numa publicação com estas características e que passam por estudos sobre a construção naval, emigração, genealogia, arte e iconografia, história autárquica e medieval e património imaterial”. Por outro lado, “refletem os estudos de uma plêiade de his¬toriadores e investigadores que abordam temáticas díspares”.
 
A revista com periodicidade anual contribui para o desenvolvimento do conhecimento, estudo e usufruto do vasto legado histórico, servindo de veículo de divulgação e de discussão da memória coletiva.

 
“Gostava que este trabalho fosse feito na minha terra”
 
Sobre a imponente Casa de Francisco Maria Simões, de 1914, a crítica de arte e bisneta de Francisco Augusto da Silva Rocha, Maria João Fernandes, refere que esta “verdadeira obra-prima contém uma parte significativa de um tesouro da humanidade, a estética Arte Nova no seu conjunto, de que Silva Rocha, seu autor é em Portugal um dos principais expoentes. Procurei neste artigo mostrar a verdadeira dimensão, plástica e simbólica de um edifício que conserva a memória do tempo que o viu nascer e que poderia por um conjunto de esforços, dos atuais proprietários e da Câmara vir a transformar-se num verdadeiro Museu”.
 
“Vale a pena”, afirmou António Augusto, que colabora na Terras de Antuã desde a sua primeira edição, ao focar a função da revista de, em simultâneo, motivar ações de defesa e divulgação do património local, como é exemplo o depósito da coleção do jornal centenário “O Concelho de Estarreja” no Arquivo Municipal, tendo como objetivo a digitalização das suas edições, que veio a acontecer “graças à Terras do Antuã”, salienta satisfeito. Foi aliás a possibilidade de consulta das edições do jornal estarrejense no Arquivo Municipal que permitiu a outra das autoras, Andreia Tavares, levar a cabo uma investigação sobre o percurso dos Bombeiros Voluntários de Estarreja, a propósito dos 90 anos da instituição. A investigadora lembra mais uma herança que urge preservar: “o espólio que não está escrito e que existe na cabeça, na memória das pessoas”.
 
Após ter mencionado uma das principais funções do Arquivo Municipal, a produção de informação e divulgação do património, e o trabalho desenvolvido pela Câmara, a arquivista Norvinda Leite partilhava um desejo: “gostava que este trabalho fosse feito na minha terra”. Aplaudiu a autarquia por “comemorar a atribuição do Foral por ser um documento que eterniza a nossa história. Há municípios que nem celebram os 500 anos”. Finalmente lançou uma sugestão, a desmaterialização da revista como forma de chegar aos mais jovens. 
  
Motivado pelo “prazer de investigar e partilhar” a história local, António Augusto aproveitou ainda para lançar mais um desafio que a Câmara Municipal tenciona concretizar no próximo ano: a divulgação dos topónimos do concelho, valorizando as personalidades que dão nome às ruas de Estarreja.
 
Delfim Bismarck, o anterior diretor da publicação, que este ano colaborou como autor, felicitou a “nova roupagem mais contemporânea” da revista e os seus “autores excelentes” que contribuem com mais um “tijolo de um muro que se vai construindo ao longo dos anos e que no futuro vai ser mais valorizado do que hoje”.
 
“A história desta terra faz-se com as pessoas”, acrescentou outro autor, José Teixeira Valente, cujo contributo foi “trazer à nossa memória o que se passava em Estarreja há 50 anos”. Deixou ainda o elogio ao trabalho que a Câmara Municipal de Estarreja tem vindo a desenvolver neste campo, recuperando todo esse património.
 
Exímia conhecedora da arte da construção naval, Ana Maria Lopes participa pela quarta vez consecutiva na Revista. Expressou o quanto é “gratificante” participar com o artigo sobre o prestigiado mestre António Esteves, de Pardilhó, construtor de machado e enxó, ainda em laboração. “Passei tempos, tempos e tempos no estaleiro de construção naval” do mestre desde 1994. Neste texto, Ana Maria Lopes dá relevo ao homem, porque do “homem nasce a obra”.  
 

"Memórias Resgatadas" na Casa da Cultura
 
Também no âmbito das comemorações da atribuição do Foral do Antuã, foi inaugurada a exposição de pintura “Memórias Resgatadas”, de Gina Marrinhas, na Casa Municipal da Cultura. A artista plástica, natural de Águeda, apresenta uma coleção que mostra o percurso de quem olha a vida como fonte de inspiração. Memórias a cores, resgatadas na tela. A mostra estará patente ao público até dia 31 de dezembro.
 
 
 
A 15 de novembro de 1519, D. Manuel I, 14º Rei de Portugal, atribuía o Foral à vila de Antuã. Nessa época, os territórios que hoje compõem o concelho tinham entre 1650 e 2050 habitantes.  
 
 
 
[SUMÁRIO DA EDIÇÃO NR.8]
 
VIAJE COMIGO POR ESTAS TERRAS DE ANTUÃ Diamantino Sabina
EDITORIAL Rosa Maria Rodrigues
AS DESCOBERTAS DE EGAS MONIZ E O SEU CONTEXTO HISTÓRICO Álvaro Macieira Coelho
A CONSTRUÇÃO NAVAL LAGUNAR E A MUSEOLOGIA Mestre Esteves - Pardilhó Ana Maria Lopes
OS 90 ANOS DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE ESTARREJA O Quartel dos Bombeiros Voluntários de Estarreja (1924 - 1968) Andreia Tavares
PATRIMÓNIO MUSICAL DE ESTARREJA Um contributo António Augusto Silva
A FAMÍLIA BANDEIRA EM ESTARREJA E SALREU DESDE O SÉCULO XVIII Delfim Bismarck Ferreira
MEMÓRIAS DO QUOTIDIANO Os Painéis dos Barcos Moliceiros José Gurgo e Cirne
CRÓNICAS DE UM PASSADO PRESENTE Alguns apontamentos para o estudo geral deste Concelho de Estarreja José Teixeira Valente
OS ACTUAIS CONCELHOS DE ESTARREJA E MURTOSA NO SÉCULO XIII Marco Pereira
PINTURAS DEVOCIONAIS DOS ALTARES- MORES DO CONCELHO DE ESTARREJA Maria Clara Paiva Vide Marques e Sylvie Ferreira
FRANCISCO AUGUSTO DA SILVA ROCHA E A CASA DE FRANCISCO MARIA SIMÕES Um novo padrão de Beleza Maria João Fernandes
OS ELEITOS DA CÂMARA MUNICIPAL DE ESTARREJA REFERÊNCIAS NAS ATAS (CONT) 1910-2013 Norvinda Leite
DEAMBULANDO PELAS RUAS Sérgio Paulo Silva
O CONCELHO DE ESTARREJA E OS SEUS EMIGRANTES - ANO DE 1897 TRILHOS DOS AMAZONAS Teresa Cruz e Valter Santos
MERCADO MUNICIPAL DE ESTARREJA, 50 ANOS DE MEMÓRIAS João Alegria
SAUDADES