Revista Terras de Antuã continua a resgatar a história local

D. Ximenes Belo anunciou apresentação de livro em Estarreja

D. Ximenes Belo pretende lançar em Estarreja o livro biográfico que está a escrever sobre o Padre Ismael Matos, personalidade importante da freguesia de Pardilhó. O bispo emérito de Díli (Timor Leste) e Nobel da Paz de 1996 partilhou esse seu desejo pessoal durante a sessão de apresentação da edição número 9 da Revista Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja, que decorreu no passado dia 21 de novembro, nos Paços do Concelho.

quarta, 02 de dezembro 2015

D. Carlos Ximenes Belo, que tem vindo com alguma regularidade a Estarreja, nomeadamente ao Arquivo Municipal onde tem levado a cabo a investigação sobre a vida e obra do Padre Ismael Ferreira de Almeida e Matos (1913-1989), marcou presença no lançamento de mais uma edição da Revista Terras de Antuã publicada anualmente pela Câmara Municipal de Estarreja, tendo sido recebido pelo Presidente da Câmara Municipal, Diamantino Sabina. 

O bispo emérito de Díli, que ainda não adianta uma data para a conclusão da investigação, afirmou que pretende apresentar o livro em Estarreja onde viveu o seu protagonista. Com uma vida religiosa dedicada ao espírito salesiano, o Padre Ismael Ferreira de Almeida e Matos viveu na freguesia de Pardilhó, foi também escritor, dramaturgo, entre muitas outras facetas que marcaram os que com ele se cruzaram. 

Nessa tarde de sábado, em que se assinalaram igualmente os 496 anos da outorga do Foral à vila de Antuã, atribuído por D. Manuel I, em Évora, a 15 de novembro de 1519, o Salão Nobre dos Paços do Concelho esteve cheio para o lançamento da edição nº 9 da revista “Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja”, publicação anual que, desde 2007, se dedica ao registo e divulgação do património local (consulte aqui as publicações).
 

300 páginas de histórias e memórias

Ao longo de mais de 300 páginas e 19 artigos redigidos por 21 autores, esta 9ª edição destaca diferentes temáticas como o associativismo concelhio, a construção naval, o meio século da Escola Secundária de Estarreja, a primeira referência escrita a Salreu, o Carnaval, a Leitura Pública em Estarreja ou os 65 anos da construção do Cine-Teatro Municipal.

A diretora da revista, Rosa Maria Rodrigues, refere o papel da publicação “para o perpetuar da historiografia local, no incentivo à investigação e publicação de novas temáticas, bem como ao registo escrito de momentos e pedaços de história, que senão perdidos, ficariam esquecidos e não fariam parte da nossa memória coletiva e consequentemente apagados nas gerações vindouras”.

Além do mais, esta publicação tem contribuído para a preservação do património local, sob forma de alerta, motivando ações concretas e que já obteve resultados práticos. Um exemplo paradigmático é o depósito da coleção do jornal centenário “O Concelho de Estarreja” no Arquivo Municipal e a digitalização das suas edições. “Digitalizamos todo o acervo deste mensário e disponibilizamo-lo on-line para quem quiser, de forma simples e intuitiva, consultar onze décadas de história local”, afirmou o Presidente do Município mostrando a sua satisfação pelo passo de gigante que compilou 113 anos de história do município contada em 4200 edições do jornal estarrejense e ao longo de 20800 páginas (disponível no Arquivo Municipal Digital). 

Hoje, “os leitores que estão a léguas de distância podem entrar no Aquivo Municipal e entrar em contacto com o jornal”, acrescentou a arquivista municipal, Norvinda Leite, que assina o artigo “O Concelho de Estarreja: 1901-2014, Do Sótão para o Mundo Digital”.   


Centro da construção naval dentro de um ano

À revista regressa um tema incontornável da história local e presente em quase todas as edições, as tradicionais embarcações lagunares. Ana Maria Lopes retrata os pintores dos moliceiros e a decoração que ostentam. Memórias do Quotidiano é o tema escolhido por José Gurgo e Cirne lançando um outro olhar sobre os painéis dos barcos moliceiros. 

A construção naval como parte integrante da cultural estarrejense sairá das páginas dos livros para um Centro de Interpretação que irá ser criado no antigo estaleiro de construção de barcos situado a Ribeira da Aldeia, em Pardilhó. “Daqui a um ano”, prevê o Vereador da Cultura, João Alegria, “teremos mais um elemento à nossa disposição” afigurando-se “fundamental para o nosso crescimento”.

A Casa-Museu Egas Moniz surge destacada na capa, lembrando que este ano se comemora um século desde a reconstrução da outrora chamada Casa do Marinheiro, pelo estirador do arquiteto Ernesto Korrodi (1870-1944). A Câmara Municipal presta mais uma vez a homenagem ao génio que foi distinguido com o Nobel da Medicina em 1949. “Ainda há semanas nos associamos à comunidade médica, celebrando a memória do nosso Nobel com a instituição do Prémio Egas Moniz para a Neurorradiologia”, sublinhou Diamantino Sabina.

A iniciativa de publicar uma revista deste teor é merecedor de aplausos e elogios, ficando tal bem claro nas várias intervenções que ocorreram ao longo da sessão, nomeadamente pelos autores dos artigos, que destacaram a importância da Terras de Antuã, que se está a transformar num verdadeiro monumento da nossa cultura.